quarta-feira, 8 de abril de 2020

Abandono, drogas e estupro - A infância de Kurt Cobain no aniversário de sua morte


File:Kurt St Thomas 1991 cropped.jpg - Wikimedia Commons

Nada foi à toa para que Kurt Cobain se suicidasse no dia 05 de abril de 1994, aos 27 anos - sua morte completou 26 no domingo passado. A vida do astro já começou fadada a este fim: os pais nunca estiveram apaixonados e haviam se casado por impulso. Don e Wendy, aos dezenove, eram despreparados para cuidar de uma criança. Assim, o casal passou a brigar constantemente. Seis anos depois, discussões culminaram em divórcio, contestado por Don. Foi um marco negativo na vida de Kurt: ele nunca mais se sentiu em casa, sempre se mudando para os cuidados de um parente distinto. 

Desde o início, Kurt era artístico (desenhava muito bem) e desinibido, de estatura baixa e beleza especial. Ainda novo havia sido diagnosticado com hiperatividade, motivo pelo qual lhe administraram Ritalin. Já os colegas lembram dele como uma pessoa quieta, gentil e talentosa. Após o abandono emocional dos pais, entretanto, se transformou em um adolescente isolado de tudo e de todos, estranho e introvertido. Revoltado com os pais e, mais tarde, com a vida reacionária que levava.


Começou a usar drogas e a cometer delitos. A juventude macabra do frontman do Nirvana ainda inclui estupro: ele pensava em se matar, mas não sem antes experimentar o prazer do sexo pela primeira vez. Em mais uma das incursões com seus amigos para roubar bebida do porão da casa de uma menina retardada, Kurt preferiu ficar após os outros partirem. Sentou no colo da menina e tocou seus seios. Ela foi até o quarto e tirou a roupa. Kurt relata em seus diários que depois de um tempo se sentiu tão enojado com o cheiro da vagina e do suor que não consumou o ato. Depois desse dia ele se sentiu envergonhado por ter se aproveitado da menina e inseguro com suas desconfianças sexuais. O pai da adolescente chegou a acusar que a filha teria sido estuprada - entre outros colegas Kurt foi interrogado e conta que se livrou por um motivo fatídico: a polícia pediu para a menina apontar a foto do agressor no álbum da escola, mas ela não conseguiu reconhecer, pois Kurt tinha faltado no dia em que as fotos de turma foram tiradas.

O suicídio sempre foi carta presente na vida do astro do grunge. Aos doze anos, encontrou um colega enforcado na entrada da escola e o observou por vinte minutos até as autoridades chegarem. Declarava ter "genes de suicida", pois três de seus tios-avôs por parte de pai haviam se suicidado, assim como seu bisavô por parte de mãe - este se esfaqueou no estômago na frente da família (dentre eles a avó de Cobain), e morreu meses depois em um hospital psiquiátrico após reabrir as feridas com as próprias mãos.
Ficheiro:Cobain 1981.png – Wikipédia, a enciclopédia livre

Sabe-se lá quais traumas mais Kurt tirou dessa infância estranha. Não se sabe o quanto as experiências de sua infância influenciaram suas músicas e o fato de ele ter se tornado um compositor famoso - um dos melhores da história, certamente o símbolo de seu tempo e o líder não apenas da maior banda do movimento grunge, o Nirvana, mas também de sua geração. Mais interessante ainda: será que, se não tivesse passado por tais traumas, teria sequer se tornado algo próximo do que se tornou?

Em sua carta de suicídio escreveu: "Better to burn out than to fade away (É melhor queimar de uma vez do que ir se apagando)". Quase vinte e sete anos após sua morte - ele dobraria de idade - a imagem dionisíaca, que consiste na beleza transgressora e perturbada de Kurt Cobain, permanece imaculada.

2 comentários:

  1. Você me contou esta historia. Me impressionou. Será mesmo que teria sido o astro que foi sem esta história de vida pessoal? Vai saber.

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  2. meodeos que vida mais surreal. nao conheco a obra dele mas fiquei muito impressionada com as condicoes da morte dele na ocasiao. vida louca e morte louca.
    muito completa sua pesquisa.

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