sábado, 25 de abril de 2020

Por trás da canção - "Malandragem", de Frejat e Cazuza; rejeitada por Angela Ro Ro e adotada por Cássia Eller

Cássia Eller on Spotify


"Malandragem" é a canção que estourou a carreira de Cássia Eller como uma bomba. Hoje, é a mais famosa dentre os sucessos da cantora.
Curiosamente, "Malandragem" foi escrita por Cazuza e Frejat, nos anos 80, e logo entregue à sua musa inspiradora, Angela Ro Ro. Entretanto, só seria gravada muito tempo depois, em 1994, por Cássia Éller, para quem a letra caía como uma luva.
A ideia inicial era figurar no álbum que Ro Ro estava desenvolvendo. Mas ela rejeitou a música em duas ocasiões, por achar a letra inadequada para ela: a primeira, assim que Cazuza e Frejat a terminaram e lhe ofereceram. A segunda, e, desperdiçando uma última chance, em 1994, antes de Frejat encaminhar "Malandragem" a seu destino (possivelmente) imutável  - enfim, Cássia Eller.
Angela Ro Ro e Frejat, entre outros, contam tudo isso e mais um pouco no vídeo abaixo, que é de uma série do canal Bis.

terça-feira, 21 de abril de 2020

Lista - 5 artistas que homenagearam outros artistas através da música



Alguns músicos se inspiraram em outros artistas - ídolos ou amigos - para escrever letras de canções. Exemplos deles são: Elton John/Marilyn Monroe, Anthony Kiedis (Red Hot Chili Peppers)/Kurt Cobain e Carole King/James Taylor.
Em uma lista próxima, enumerarei os artistas que usaram a criatividade para difamar, falar mal, atacar seus colegas por meio da arte. Existem vários casos. 
Contudo, por agora, me deterei às homenagens positivas.

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Por trás da música - "Exagerado", do Cazuza


Ficheiro:Cazuza flickr.jpg – Wikipédia, a enciclopédia livre

Poucos sabem, mas a melodia de Exagerado, canção do Cazuza, é de autoria do Leoni - ex baixista e compositor do Kid Abelha, mais conhecido por ter concebido Garotos II - O outro lado, interpretada por ele mesmo. Contudo, a melodia consagrou apenas Cazuza (compensações financeiras à parte). Ele escreveu a letra pouco antes de deixar o Barão Vermelho e a música foi importante para lançar sua carreira solo. O vídeo abaixo - originalmente de uma série do canal Bis - relata a história.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Abandono, drogas e estupro - A infância de Kurt Cobain no aniversário de sua morte


File:Kurt St Thomas 1991 cropped.jpg - Wikimedia Commons

Nada foi à toa para que Kurt Cobain se suicidasse no dia 05 de abril de 1994, aos 27 anos - sua morte completou 26 no domingo passado. A vida do astro já começou fadada a este fim: os pais nunca estiveram apaixonados e haviam se casado por impulso. Don e Wendy, aos dezenove, eram despreparados para cuidar de uma criança. Assim, o casal passou a brigar constantemente. Seis anos depois, discussões culminaram em divórcio, contestado por Don. Foi um marco negativo na vida de Kurt: ele nunca mais se sentiu em casa, sempre se mudando para os cuidados de um parente distinto. 

Desde o início, Kurt era artístico (desenhava muito bem) e desinibido, de estatura baixa e beleza especial. Ainda novo havia sido diagnosticado com hiperatividade, motivo pelo qual lhe administraram Ritalin. Já os colegas lembram dele como uma pessoa quieta, gentil e talentosa. Após o abandono emocional dos pais, entretanto, se transformou em um adolescente isolado de tudo e de todos, estranho e introvertido. Revoltado com os pais e, mais tarde, com a vida reacionária que levava.


Começou a usar drogas e a cometer delitos. A juventude macabra do frontman do Nirvana ainda inclui estupro: ele pensava em se matar, mas não sem antes experimentar o prazer do sexo pela primeira vez. Em mais uma das incursões com seus amigos para roubar bebida do porão da casa de uma menina retardada, Kurt preferiu ficar após os outros partirem. Sentou no colo da menina e tocou seus seios. Ela foi até o quarto e tirou a roupa. Kurt relata em seus diários que depois de um tempo se sentiu tão enojado com o cheiro da vagina e do suor que não consumou o ato. Depois desse dia ele se sentiu envergonhado por ter se aproveitado da menina e inseguro com suas desconfianças sexuais. O pai da adolescente chegou a acusar que a filha teria sido estuprada - entre outros colegas Kurt foi interrogado e conta que se livrou por um motivo fatídico: a polícia pediu para a menina apontar a foto do agressor no álbum da escola, mas ela não conseguiu reconhecer, pois Kurt tinha faltado no dia em que as fotos de turma foram tiradas.

O suicídio sempre foi carta presente na vida do astro do grunge. Aos doze anos, encontrou um colega enforcado na entrada da escola e o observou por vinte minutos até as autoridades chegarem. Declarava ter "genes de suicida", pois três de seus tios-avôs por parte de pai haviam se suicidado, assim como seu bisavô por parte de mãe - este se esfaqueou no estômago na frente da família (dentre eles a avó de Cobain), e morreu meses depois em um hospital psiquiátrico após reabrir as feridas com as próprias mãos.
Ficheiro:Cobain 1981.png – Wikipédia, a enciclopédia livre

Sabe-se lá quais traumas mais Kurt tirou dessa infância estranha. Não se sabe o quanto as experiências de sua infância influenciaram suas músicas e o fato de ele ter se tornado um compositor famoso - um dos melhores da história, certamente o símbolo de seu tempo e o líder não apenas da maior banda do movimento grunge, o Nirvana, mas também de sua geração. Mais interessante ainda: será que, se não tivesse passado por tais traumas, teria sequer se tornado algo próximo do que se tornou?

Em sua carta de suicídio escreveu: "Better to burn out than to fade away (É melhor queimar de uma vez do que ir se apagando)". Quase vinte e sete anos após sua morte - ele dobraria de idade - a imagem dionisíaca, que consiste na beleza transgressora e perturbada de Kurt Cobain, permanece imaculada.

quinta-feira, 2 de abril de 2020

A infância conturbada de Flea, baixista do Red Hot Chili Peppers

Young Rockers | IdeaFixa
O baixista Flea, do Red Hot Chili Peppers, lançou em novembro do ano passado seu primeiro livro: Acid  for the Children, que conta memórias de sua infância e adolescência. No dia 6 de abril de 2020, a biografia chega no Brasil.
A obra inclui detalhes da precoce dependência de drogas, a infância de abusos e crimes em Los Angeles, a experiência com a banda punk Fear e a amizade fraternal e dionisíaca com Anthony Kiedis e Hillel Slovak, futuros membros que fundariam junto com ele o Red Hot.
Eu tive a oportunidade de comprar o livro no dia de lançamento, 5 de novembro, que também é meu aniversário. Só consegui comprar um exemplar ao final do dia em Nova Iorque, depois de muito procurar em livrarias onde ele havia esgotado pela manhã. Acabei encontrando numa dentro do Rockefeller Center.
Poucos sabem: Flea também é trompetista e ator - ele participou de De Volta para o Futuro 2 e do incrível Big Lebowski, entre outros filmes. Nascido na Austrália, tinha uma família tradicional até se mudar, ao seis anos, para os EUA, em Rye, Nova Iorque, devido a uma oportunidade de emprego do pai. Lá, a mãe decidiu abandonar o marido por um professor de música alcoólatra e violento que ainda morava com os pais. Assim, enquanto o próprio pai voltaria para a Austrália, Flea e a irmã deram início a uma infância problemática, abandonada e completamente insegura no porão da casa de desconhecidos. Ele era um menino inseguro de sua altura, de sua estatura e beleza e de seu lugar no mundo até encontrar na música uma forma de transformar dor em beleza. Começou no trompete, tocando na banda da escola, e terminou como provavelmente o baixista mais relevante da atualidade - e um dos melhores da história.
Em seu livro, Flea escreve de forma livre, artística, original, mas também com vocabulário muito rico e umas metáforas deslumbrantes. Nunca tinha lido nada nesse formato...muito f***. E conta uma história mais bizarra que a outra. Será que é preciso sofrer tanto assim pra fazer arte? O próprio Anthony Kiedis, além de Kurt Cobain, Amy Winehouse e vários outros reforçam essa mística.

A infância conturbada de Flea, baixista do Red Hot Chili Peppers